A vida de qualquer empresário tem constantemente altos e baixos! Há semanas em que tudo anda sobre rodas, há semanas em que nada resulta. É essa uma das razões por não haver mais empresários em Portugal. Lidamos com incertezas no dia a dia, com as nossas frustrações, as da equipa, fornecedores e clientes. Ser empresário de sucesso implica conseguir tocar vários “instrumentos” na empresa, mas significa também que precisamos de ser o “maestro” da nossa “orquestra”.
Usando o meu próprio exemplo, tornei-me empresário por necessidade pois tinha tido uma má experiência numa multinacional que fechou a atividade em 2010, e não queria voltar a trabalhar por conta de outrém. Tinha desenvolvido duas boas competências, as do técnico enquanto engenheiro mecânico em ambiente fabril, e enquanto gestor e líder de equipas nessa mesma empresa. Mas nunca fui muito empreendedor, nunca tive muita vontade para construir novos caminhos, nem novas soluções. Efetivamente não sou um empreendedor nato, sou antes um solucionador de problemas, e um treinador de equipas.
Esta explicação ajuda-me a decifrar-vos o trilema empresarial. Um empresário de sucesso precisa de ter conhecimentos na área técnica do seu negócio, precisa de ter competências de gestão, seja de recursos materiais como de recursos humanos, e por fim, precisa de saber empreender, de trilhar novos caminhos. Decidir sobre como dividir o nosso tempo nas 3 atividades essenciais é o TRILEMA EMPRESARIAL. Qualquer função é importante para a empresa poder prosperar.
Agora, peço-vos para responder às seguintes perguntas:
- Quanto tempo e dinheiro investiu na sua área técnica do negócio? (Engenheiro, Médico, Advogado, etc)
- Quanto tempo e dinheiro investiu para ser um gestor de excelência? (Curso de Gestão, Pós-graduação, etc)
- Quanto tempo e dinheiro investiu para ser um empreendedor? (É aqui que a resposta é mais complicada)
Provavelmente a resposta à 3ª questão é quase 0, talvez tenha tido uma disciplina sobre empreendedorismo. Ser um agente de mudança não é para todos. Uma das nossas funções como Treinador de empresários é ajudá-los a mudar, a implementar a mudança, a ultrapassar a resistência de todos a essa mudança.
Diz-me a experiência que empresas de sucesso hoje, com excelentes técnicos e gestores, amanhã podem ir à falência por falta de empreendedorismo, pois esta falta implica uma resistência à mudança (exemplos de marcas conhecidas: Kodak; Nokia, Blockbuster, etc em tempos casos de sucesso, entretanto já falidos por falta de mudanças estratégicas para acompanhar o mercado). No mundo empresarial das PME’s acontece exatamente o mesmo. Dizem as estatísticas em Portugal que a idade média das empresas portuguesas é de 14 anos. E sabemos que 9 em cada 10 empresas vai à falência antes de chegar aos 10 anos.
Portugal precisa de mais empreendedores, precisa de mais técnicos e gestores que sabem empreender, que sabem fazer crescer empresas, criando mais oportunidades de negócio e também mais postos de trabalho.
A melhor receita para dar a volta ao trilema empresarial é começar a delegar as tarefas mais técnicas, mas não sem antes criar processos e sistemas, para poder recrutar e selecionar as pessoas certas, dar formação a esses recrutas, podendo medir e testar o desempenho deles. Em segundo lugar, devemos contar com um gestor profissional, seja em outsourcing (uma empresa de contabilidade moderna presta esse serviço), seja através de recrutamento de uma pessoa qualificada. Desta forma, podemos aprender a ser mais empreendedor, podemos focar no crescimento da nossa empresa, trabalhando com a equipa técnica. O técnico vive no presente pois ele “faz”, o gestor mede o desempenho do técnico e planeia para o futuro usando previsões e faz relatório sobre o passado. O empreendedor "vê o futuro" e trabalha para lá chegar. Faz sentido?
Se este artigo fizer sentido para si, e se acredita que é importante trocar impressões comigo sobre este tema, pode contactar-me via kengielen@actioncoach.com.
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